quinta-feira, 23 de junho de 2011

Haikais

       No ano de 2010 fui presenteada com uma modalidade de poesia até então nova para mim: o haikai. Minha porta de entrada foi através do livro Luz de Musgo (2008), do escritor paraibano, de Alagoa Grande, Saulo Mendonça (que é meu preferido).
        Para quem não sabe o haikai  é uma modalidade de poesia surgida no oriente advinda do tanka que são “poemas curtos compostos no seguinte esquema: 5-7-5/7-7” (FRANCHETTI, 1990, p. 10). Na sua origem era permitido que "o mesmo tanka fosse composto por duas pessoas: uma encarregada do terceto 5-7-5, também chamado hokku (verso ou estrofe inicial), e outra do dístico 7-7, também chamado wakiku (estrofe lateral)” (FRANCHETTI, 1990, p. 12). É a partir dessa divisão entre estrofes que surge, na forma do hokku, o haikai.
         De fato, eu me apaixonei pela forma do haikai de modo que cheguei a produzir três ou quatro (quem sabe um dia posto aqui). A verdade é que fiz essa pequena introdução para apresentar-lhes alguns haikais da poetisa Eunice Arruda.
       Conheci sua poesia através do livro Há estações (2003). O livrinho (o diminutivo é por ser pequenino e fofinho mesmo) me chamou para ser comprado em um feirão da UFPB. Já no ponto de ônibus comecei a ler e não parei mais.
        Há um jogo de imagens sensoriais muito delicado que vale a pena prestigiar. Deixarei para vocês alguns dos que mais gosto.


(da parte 'Primavera' de Há estações)

Olhar de menino
                sustentando - leve - no ar
a bolha de sabão

(da parte 'Verão' de Há estações)
 
Fiapos nos dentes
    o rosto todo amarelo
É tempo de manga

(da parte 'Outono' de Há estações)
 
 Depois das chuvas
                    a goiaba mostra as sementes
rachadas no chão

(da parte 'Inverno' de Há estações)
 
  Rolando no banco
               só restou uma folha seca 
O trem já partiu


Para saber mais sobre haikai:

 
FRANCHETTI, Paulo et al. Haikai. Campinas: Editora da UNICAMP, 1990.
GUTTILLA, Rodolfo Witzig (org). Boa companhia: haicai. São Paulo: Companhia das letras, 2009.




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